quarta-feira, 8 de junho de 2011

COPA DO MUNDO 2014: SONHO OU PESADELO?

No ano em que o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo de 2014, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, declarou que a maioria dos investimentos, na construção dos estádios e infraestrutura, viriam da iniciativa privada, não tendo assim, recursos públicos envolvidos. Mas não é o que tempo está mostrando. Passados alguns anos, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) criou uma linha de crédito, inédita na instituição, para financiar a construção de estádios.
Desde lá, o que se tem visto é a ausência de investimentos privados e a preocupante e crescente presença de recursos públicos, em valores exorbitantes.
Com obras atrasadas, o Governo Federal mostra que já perdeu o controle da situação e começa a promover ações irresponsáveis, ignorando recomendações dos Tribunais de Contas, Ministério Público e entidades, no que se refere à aplicação dos recursos públicos nas obras da Copa. O tempo vai passando e a falta de planejamento favorece a corrupção. E é justamente essa falta de planejamento que vem fazendo a festa de cartolas e construtoras, que tem triplicado os valores das obras, alegando o pouco tempo. Tudo isso, parece ‘jogada ensaiada’ com o Governo Federal que, volto a ressaltar, de forma irresponsável tenta agilizar as obras, ao arrepio da lei, eliminando licitações e afrouxando a fiscalização.
Recentemente, o TCU chamou a atenção para o fato de que 98,5% dos R$ 23 bilhões previstos para serem gastos nas obras da Copa sairão dos cofres públicos, sendo que a maior parte virá da Caixa Econômica, BNDES e da Infraero. Somente estas três estatais, investirão juntas, cerca de R$ 16,5 bilhões, sendo R$ 6,6 bi da Caixa, R$ 4,8 bi do BDNES e R$ 5,1 bi da Infraero. Completam a conta os estados, municípios e portos.
Não podemos deixar de citar, o projeto fadado à falência, no valor de U$ 30 bilhões, destinados a construir um trem-bala para ligar São Paulo com o Rio de Janeiro. Que por sinal este projeto que seria para a Copa 2014, não ficará pronto para o evento, descaracterizando a urgência que é tratada esta obra, por parte do governo Dilma.
Para onde olharmos, a situação é complicada. Em relação ao financiamento realizado pelo BNDES, este parece ser a fundo perdido, pois é quase impossível acreditar que os clubes, extremamente endividados com INSS e FGTS, possam garantir o pagamento dos empréstimos.
Com tudo isso, um iminente prejuízo do Mundial já assusta. Os gastos com a Copa do Mundo, já é duas vezes superiores ao que o país africano colocou para o evento de 2010. Preocupa mais ainda quando constatamos que este prejuízo é uma conta que as esferas de Governo Federal, Estadual e Municipal, irão ter que bancar sozinhas, pois nem FIFA, nem CBF terão seus lucros ameaçados no torneio. O fato é que o Governo Federal detém um acordo realizado com a FIFA sobre a isenção de impostos, que evitará que R$ 500 milhões sejam coletados pelo Tesouro.
É inegável que a Copa do Mundo pode deixar um excelente legado em infraestrutura à sociedade. Entretanto, o evento pode deixar também outro legado ao Brasil: dívidas. Especialistas já afirmam que algumas obras levarão até 2030 para se pagar. Logo, o sonho de realizar o Mundial, é realidade, mas é realidade também um pesadelo que o país começa a enfrentar, que aparentemente, pode até não ter conseqüências agora, mas com certeza não perdoará a irresponsabilidade e a falta de planejamento por parte dos responsáveis pelas obras da Copa 2014 e mais uma vez quem pagará a conta no final será a população.

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