Os produtos extraídos da floresta estão gerando renda no mercado paraense e conquistando consumidores nacionais e internacionais e o açaí está em destaque entre eles. É o que mostra o estudo Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não-Madeireiros (PFNM), desenvolvido pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp), com apoio do Núcleo de Altos Estudos da Amazônia (Naea/UFPA), do Ideflor e da Embrapa Amazônia Oriental.
A pesquisa será fonte de dados para a Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (Sedect) que está reunindo informações fundamentais à formulação de políticas de apoio ao aproveitamento da biodiversidade no Pará. “Estamos reunindo documentação para a formulação de políticas nessa área para os próximos quatro anos, e o Idesp detém importantes informações sobre o assunto”, afirma o secretário adjunto da Sedect, Alberto Arruda, que esteve no Idesp em reunião com os pesquisadores.
O estudo do Idesp considera análises socioeconômicas das cadeias de comercialização dos PFNM para as regiões de integração do Tocantins, na qual foram identificados 34 PFNM, e no Baixo Amazonas, com 63 PFNM. Coletaram-se também dados nas regiões do Guamá (31 PFNM); do Rio Caeté (35 PFNM); do Xingu (52 PFNM) e do Marajó (72 PFNM), que estão sendo analisados por pesquisadores do Instituto.
Resultados
Entre os produtos analisados, identificados na pesquisa, o campeão foi o açaí, da região do Tocantins, responsável pela cifra de R$ 1,8 bilhão de renda total gerada e circulada em toda a cadeia de comercialização desse produto. A produção provém tanto de açaizais nativos, quanto de áreas de manejo ou plantados. Ela explica que o setor que mais agrega valor é o da agroindústria de beneficiamento da polpa, com 10 empresas identificadas no Estado: Castanhal, Tomé Açu, Santa Bárbara, Marituba, Benevides e Belém. Na escala local, o setor de beneficiamento também é responsável pela valorização deste fruto, porém com centenas de pequenos estabelecimentos, os chamados “batedores” de açaí, e poucas agroindústrias, que atendem à demanda da população tocantina.
“Alguns problemas gerais identificados para o conjunto de produtos foram: armazenagem, transporte, capital de giro, investimentos para produção e aquisição de equipamentos, e treinamento nas diversas etapas da cadeia produtiva”, afirma Marli Mattos, coordenadora do Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação do Idesp, que coordena o projeto.
Ainda sobre a região tocantina, com o estudo foi possível verificar que produtos como cacau, castanha e o palmito alcançaram os mercados nacional e internacional, mas a comercialização externa ainda é minoria entre os demais PFNM. “Isso torna a economia local dependente desses mercados, sobretudo na definição dos preços”, analisa a pesquisadora do Idesp.
Um total de 76% de valor agregado dos produtos não madeireiros foram gerados dentro do próprio Estado. “Essa é condição essencial para maior autonomia e indução de políticas para a verticalização das cadeias”, afirma Marli. Os resultados do estudo permitem identificar possibilidades produtivas locais e regionais, gargalos tecnológicos, necessidades de investimentos, regularização e especialização dos agentes locais e regionais. A pesquisa aponta também produtos que não constam nas estatísticas oficiais.
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