Estudo divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento, promete dar muita dor de cabeça ao governo. Isso porque o documento afirma que, dos 13 aeroportos com obras previstas para a Copa de 2014, nove não terão condições de finalizar seus empreendimentos a tempo de receber os milhões de turistas que desembarcarão por aqui.
O documento, divulgado nesta quinta-feira (14), apresenta uma análise dos investimentos feitos pelo governo na infraestrutura aeroviária desde o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De 2003 até 2010, foram investidos R$ 8,8 bilhões nos aeroportos brasileiros, uma média de R$ 1,1 bilhão por ano.
O montante pode até parecer alto, principalmente quando o governo afirma que fará um investimento de R$ 5,6 bilhões até 2014, em uma média de R$ 1,4 bilhão por ano. O problema é que outros institutos dão conta de uma necessidade maior de dinheiro. A Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) diz serem necessários R$ 20 bilhões até 2022 e a Fundação Dom Cabral calcula em R$ 25,5 bilhões até 2016.
Como se não bastasse a questão financeira, o próprio governo dificulta ainda mais as coisas com a burocracia da máquina pública. Para colocar de pé uma obra de infraestrutura em transportes são necessárias várias licenças, principalmente ambientais, que fazem com que a construção desses empreendimentos no Brasil leve, em média, 92 meses. Isso dá mais de sete anos.
No estudo, o Ipea afirma que as obras no aeroporto de Manaus, por exemplo, cujo prazo de conclusão é dezembro de 2013, só ficarão prontas em 2017. Ou seja, se todos os prazos forem respeitados, o aeroporto só estará operando em plena capacidade depois da Copa. O mesmo quadro se repete nos aeroportos de Brasília, Fortaleza, Guarulhos (São Paulo), Salvador, Campinas e Cuiabá.
As obras em Confins (Belo Horizonte) e Porto Alegre devem consumir seis anos e meio e também não estarão prontas para o evento futebolístico. Em Curitiba o caso é semelhante. Quando os dados foram colhidos, em 2010, a previsão era de que as obras começassem em janeiro de 2011. Como nada andou, fica difícil saber se o aeroporto estará pronto em julho de 2014.
Obras defasadas
Para piorar a situação, o Ipea ainda denuncia uma falha grave no planejamento da Infraero, estatal responsável pelas obras nos terminais aéreos. Mesmo que estivessem prontos até a Copa, dez dos 13 aeroportos estariam operando acima da capacidade.
O caso mais grave é o de Natal. O governo previu uma capacidade para 1,9 milhão de passageiros em 2014, mas levando em conta o ritmo atual de crescimento da demanda o movimento previsto é de 3,5 milhões de passageiros ou 186% a mais. A situação também é crítica em Fortaleza, Confins, Brasília, Guarulhos, Salvador, Cuiabá, Porto Alegre, Curitiba e Recife.
O Ipea afirma textualmente em seu estudo que “a análise do plano de investimentos para os 13 aeroportos da Copa sugere que as obras foram planejadas com subdimensionamento da demanda futura”.
Também há problemas em outros aeroportos. Dos 20 principais terminais brasileiros, 14 se encontram em situação crítica, incluindo os de Congonhas, Vitória, Florianópolis, Goiânia e Maceió. Em 2009 esse número era de 11. Outros três estão em situação preocupante, são eles: Curitiba, Belém e Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Os únicos que se encontram em situação adequada são o Galeão, também no Rio, Salvador e Recife.
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