O ditado popular de que o crime não compensa perde o sentido diante da barbárie cotidiana.Levantamento publicado esta semana no jornal “O Globo” mostra a estimativa de Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da pesquisa Mapas da Violência 2011, divulgada pelo Ministério da Justiça, segundo a qual 92% dos cerca de 50 mil homicídios cometidos por ano no Brasil ficam sem solução.
A realidade por trás dos números é a inépcia no combate à carnificina.
É imenso o esforço do governo para o crime compensar. Começa com a política de passar a mão em cabeça de bandido, segue para o Congresso com sua bancada defendendo a frouxidão legislativa e culmina com o completo abandono das estruturas de seguranças pública e nacional.
O resultado, aponta a pesquisa, são pelo menos 46 mil assassinos impunes a cada ano.
Se algum deles for pego, num golpe de puro azar, será beneficiado por um rosário de artimanhas tão grande (qualidade da prova, habeas corpus intermináveis, brechas, entrelinhas, filigranas) que só sendo deserdado da sorte para ficar preso.
Mas digamos que este seja realmente a exceção e continue no cárcere. Vai a julgamento no teatro que é o júri, com excelentes chances de absolvição. Mas este é “o” infeliz e acaba condenado a 09 anos de cadeia.
A família chora. Qual família? A da vítima, porque será descontado o tempo de prisão cautelar e virá a progressão de regime (1/6 da pena na maioria dos casos), além das saídas de fim de ano, Dia das Mães e das Crianças, aniversário do totó.
Demóstenes Torres é procurador de Justiça e senador (DEM/GO)
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